O desafio da comunicação da Ciência Contábil
Ninguém gosta daquilo que não entende
Acho que nunca se falou tanto em ciência como nesse último ano, por conta da pandemia, vacina, vírus, etc.
E esse assunto acabou gerando discussões acaloradas sobre o que é e o que não é “ciência de verdade”.
Mas um grande aprendizado que eu tirei de tudo isso é que a “ciência de verdade” nunca foi de fácil entendimento e alcance a reles mortais, como eu e você.
O conteúdo de estudos e evidências científicas relevantes sempre foram publicados em revistas ou portais de pouco conhecimento da grande massa e esteve restrito a grupos de pesquisadores que “falam difícil e não se entendem entre si”.
Isso abriu brecha para que outros grupos se empoderassem da palavra “Ciência”, e aproveitando-se da falta de conhecimento da população, criaram movimentos, teorias, cursos e uma indústria inteira que difunde informações que não tem, de fato, nenhuma validação científica. É a chamada pseudo-ciência.
Mas uma coisa esse grupo conseguiu fazer muito melhor do que os “cientistas de verdade”: dialogar com as pessoas, através de uma linguagem mais acessível, mais empática e de fácil entendimento.
Dito isso, levar a Contabilidade como Ciência para a grande massa está exatamente sujeita a esse desafio da comunicação, da linguagem simplificada e do acesso democrático a esse conhecimento.
Por anos a Contabilidade ficou taxada como sendo algo difícil, inútil e chato demais, cheia de sopa de letrinhas e de conceitos que fundem a cabeça de quem mais deveria entender do assunto: os gestores das empresas.
E os culpados disso somos nós mesmos. Nós, contadores, esses seres que “falam difícil e não se entendem entre si”.
A linguagem da Contabilidade não precisa ser difícil. Isso não é prerrogativa para que ela se torne uma ciência.
Ter que ler mais de uma vez o mesmo parágrafo de um CPC não é normal. Interpretar um CPC completo pode até atribuir a você um nível de conhecimento superior aos demais, mas isso só te torna inacessível. Isso não é ciência.
A ciência é democrática. Ela é simples. Aplicável ao cotidiano. E ela definitivamente não é teórica. Ela é baseada em experimentação. Sentida. Vivida.
Se você, como cientista contábil, não consegue aplicar a ciência da Contabilidade de forma a gerar benefício claro ao seu usuário final, seja porque ele não entendeu o que você fez ou falou, seja porque ele não conseguiu enxergar utilidade no que foi feito, então isso é um equívoco.
Para esta próxima década, o nosso desafio é tornar a linguagem da ciência contábil mais democrática e mais dialogável, para que consigamos, de uma vez por todas, evidenciar a sua importância e seu enorme valor para a sociedade.